Todas as manhãs visito nomes, a infância
percorro a página ampla dos olhos da criança
além do tempo
Não há certeza no acaso o momento é iminente
caminho na sombra de poemas imprevistos
onde a roda é a perfeição de vozes inacabadas
fontes e poentes uníssonos num movimento
de água e corrente
O Poema nasce da inextricável sincronia do instante
onde me assemelho à explosão que impulsiona o vazio
arranco assim a vida à morte, no espaço da memória
nos lugares que reconheço
Revisito os meus passos como se estendesse as mãos ao alto
e agarro a flor da construção, pólen e sedimento, corpo
lugar na transparência do meu rosto
Gisela Ramos Rosa,
em "Cintilações da Sombra", edições Labirinto