A imagem com o título deste blogue é da autoria de Elena Kalis

sábado, 16 de março de 2013

    Etiópia, Mitchell Kanashkevich



Todas as manhãs visito nomes, a infância 
percorro a página ampla dos olhos da criança 
além do tempo

Não há certeza no acaso o momento é iminente 

caminho na sombra de poemas imprevistos 
onde a roda é a perfeição de vozes inacabadas
fontes e poentes uníssonos num movimento 
de água e corrente  

O Poema nasce da inextricável sincronia do instante 

onde me assemelho à explosão que impulsiona o vazio
arranco assim a vida à morte, no espaço da memória 
nos lugares que reconheço

Revisito os meus passos como se estendesse as mãos ao alto

e agarro a flor da construção, pólen e sedimento, corpo 
lugar na transparência do meu rosto

Gisela Ramos Rosa, 

em "Cintilações da Sombra", edições Labirinto



   Escrita de monge,  fotografia de Olivier Follmi